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Palavra do Bispo | A padroeira Sant´Ana

A padroeira Sant´Ana

A PADROEIRA SANT’ANA

26.07.18

 

A Palavra de Deus proclamada na festa de Santa Ana e São Joaquim está profundamente relacionada à santidade de vida da nossa padroeira e do seu santo esposo. A vida e o testemunho de santidade desse casal exemplar e temente a Deus, Joaquim e Ana, trazem, à luz das leituras proclamadas, importantes ensinamentos:

 

  1. A santidade edifica e ilumina a família. A sabedoria bíblica ensina que é importante reconhecer, homenagear e “fazer o elogio dos nossos antepassados através das gerações. São pessoas de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são a sua melhor herança” (Eclo 44,1.10-11). Entre essas pessoas cheias de virtude, praticantes da misericórdia e da bondade, marcadas pela fidelidade à aliança, Sant’Ana figura como esposa virtuosa e mãe que educa sua filha segundo as letras das Sagradas Escrituras. Como educadora e catequista, ensina que a família é o lugar privilegiado da transmissão das verdades de Deus e dos valores que provêm da religião.

 

São Joaquim e Sant’Ana aparecem, na história, na memória e na devoção da Igreja como exemplos de pessoas justas e fiéis a Deus, de quem “os povos proclamam a sabedoria e a assembleia celebra o louvor” (Eclo 44,15). Pais da Virgem Maria e avós de Jesus Cristo, nosso Senhor, mestre e salvador, tornam-se modelos de sabedoria e santidade, patronos das famílias e dos idosos.

 

  1. A santidade fundamenta e sustenta a vida da Igreja. O Salmo 131 anuncia a promessa de Deus acerca da vinda do Messias: “de Davi brotará um forte herdeiro”. Sant’Ana e seu esposo São Joaquim cooperaram para o cumprimento da promessa messiânica, pois receberam a graça de dar a vida à Mãe de Jesus Cristo. Eles são precursores da Sagrada Família de Nazaré e da nova família de Cristo, que é a Igreja. Dessa inspiração bíblica da festa de Sant’Ana, a Igreja aprende a fazer memória de seus pastores, mestres e benfeitores através das gerações. Olhando a padroeira Sant’Anna, a Igreja proclama que “Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio ... a serem conformes à imagem do seu Filho” (Rm 8,28.29).

 

  1. (A terceira mensagem diz respeito à) Devoção a Sant’Ana em Mogi das Cruzes. É uma devoção que remonta aos primórdios históricos da vila, há quatro séculos, desde 1611. Os fundadores da cidade já buscavam sua intercessão e inspiração; e quiseram homenageá-la com o nome primitivo de “Vila de Sant’Ana de Mogi Mirim”. Com efeito, a silhueta de Sant’Ana aparece até mesmo no brasão e na bandeira da cidade e o marco zero de Mogi se localiza em frente à Catedral Diocesana, construída no mesmo local da antiga matriz.

 

A devoção a Sant’Ana está historicamente enraizada na alma do cristão mogiano. A imagem da mãe humilde educando a filha revela sua presença discreta e constante, unindo o povo, preservando a família, congregando os cidadãos pelos laços de fraternidade; e abençoando a Diocese, criada há cinquenta e seis anos e consolidada na mesma devoção.

 

A festa de Sant’Ana tem como marcos históricos a praça e a catedral, que abriga a antiga imagem tricentenária da santa padroeira, representando a devoção que remonta a quatrocentos anos. A procissão representa importante marco cultural e religioso. E a quermesse oferece bons momentos de convivência humana e espírito de família.

 

Felizes sois vós porque vossos olhos vêem e vossos ouvidos ouvem (Mt 13,16). Jesus proclama felizes os que vêem com os olhos da fé e ouvem com os ouvidos do coração. O cristão vê com os olhos, sente com o coração e anuncia com a boca as maravilhas de Deus. E, com seus pés, percorre o mundo levando boas notícias de esperança e de paz, sonhos desde sempre acalentados qual longínquo horizonte.

 

Joaquim e Ana são verdadeiramente felizes porque, seguindo os passos dos grandes justos do Antigo Testamento, a eles foi concedido gerar a Virgem Imaculada, de quem Deus tomaria a natureza humana para dignificá-la e redimi-la. Os olhos de Ana e Joaquim puderam contemplar os tempos novos da redenção.

 

Mãe de Maria, avó de Jesus, Patrona de Mogi das Cruzes! Sant’Ana e sua festa dizem muito sobre as nossas origens mais antigas, sobre a fé dos nossos antepassados. Trata-se de uma tradição a ser mantida e valorizada como uma das mais altas expressões da religiosidade do nosso povo. Que ela nos ajude a abrir o coração e a valorizar a vida, particularmente dos anciãos que nos precederam e que tanto têm a nos ensinar. Olhando a imagem de Sant’Ana ensinando à filha os mistérios de Deus, compreendamos a grande vocação da família cristã como lugar privilegiado do ensino da fé e dos valores do Evangelho. Que Sant’Ana vele do céu sobre as nossas famílias, nossa Cidade e nossa Diocese.

 

São Joaquim e Sant’Ana, santos e justos avós de Jesus Cristo, intercedei a Deus por nós! Amém!

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 26 de julho de 2018