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Palavra do Bispo | Homilia - Pentecostes

Homilia - Pentecostes

A festa de Pentecostes da cultura judaica do Antigo Testamento era a festa das colheitas. O povo celebrava o agradecimento a Deus pela produção agrícola, fruto da terra e do esforço do trabalho. A festa de Pentecostes cristã, no Novo Testamento, é a celebração, na mesma data, da vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e a Virgem Maria, marcando o início da expansão missionária da Igreja.

 

Em Mogi das Cruzes, a Festa do Divino Espírito Santo celebra o Pentecostes da Igreja católica, sem no entanto deixar, na tradicional Entrada dos Palmitos, de celebrar, com alegria e fé, com beleza e esplendor, a ação de graças a Deus que abençoa o trabalho e a colheita dos alimentos produzidos no cinturão verde da Região do Alto Tietê.

 

A liturgia de Pentecostes proclama que, pelo mistério da festa de hoje, Deus santifica a Igreja inteira, em todos os povos e nações, derramando por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo: “Vós enviais o vosso Espírito e tudo renasce. Vós renovais toda a face da terra” (Sl 103,30). De modo imperativo, pedimos e clamamos: “enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai”. Sim, suplicamos, vinde Espírito Santo!

 

A palavra de Deus oferece mensagens importantes e consistentes. Apresenta a Santíssima Trindade a partir da missão de cada uma das divinas pessoas. Deus Pai criou o mundo; Ele é o criador. Deus Filho o recriou pela sua morte redentora; Ele é o salvador. Deus Espírito Santo renova o universo, revigora toda a criação, restaura a humanidade; Ele é o consolador, defensor, paráclito, Espírito da Verdade; Ele é o Amor pessoal do Deus Trindade.

 

A liturgia da Palavra apresenta também as três realidades fundamentais da fé cristã: Cristo ressuscitado, o Espírito Santo e a Igreja. Antes de morrer, Jesus promete o Espírito Santo, anunciando aos apóstolos que não os deixaria órfãos – “é necessário que eu vá, pois quando eu for enviarei a vós o Paráclito” (cf. Jo 16,7). Ressuscitado, “ao anoitecer do primeiro dia da semana” (Jo 20,19), aparece aos discípulos e diz: “a paz esteja convosco” (vv. 19.21); “recebei o Espírito Santo” (v. 22); “os pecados serão perdoados” (v. 23). É pelo Espírito Santo que se reconhece que Cristo ressuscitou, pois “ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor se não for pelo Espírito Santo”

 

No dia de Pentecostes (At 2,1-11), estando reunidos os apóstolos e Maria, no cenáculo, o Espírito pousou sobre eles, em forma de “línguas como de fogo” (v.3). Começaram a “anunciar as maravilhas de Deus” (v. 11), com destemor e sabedoria, de modo que logo uma grande multidão se reuniu para ouvi-los e receberem o mesmo Espírito. Nascia visível e publicamente a Igreja que, conduzida pelo mesmo Espírito, segue ininterruptamente sua missão na história humana. Cada ano, no dia de Pentecostes, a liturgia da Igreja celebra esse acontecimento fundante da vida da Igreja.

 

Paulo apóstolo ensina que a Igreja é corpo de Cristo; Ele é a cabeça e nós somos os membros. Na Igreja, o Espírito distribui os dons; Jesus Cristo, ressuscitado e Senhor, confere os ministérios, isto é, os serviços (diaconia); e o Pai realiza, rege e harmoniza as diferentes atividades (2 Cor 12,4-60) . É grande o dom de pertencer ao Corpo Místico de Cristo e de receber o Espírito Santo pelos sacramentos do batismo e da crisma. 

 

Em Mogi das Cruzes, a tradicional festa do Divino Espírito Santo toma grandes proporções e se reveste de significado e valor que abrange as diversas dimensões da vida humana, ou seja, social, cultural e espiritual. É o Divino presente em todos os ambientes e nas diversas expressões: congada, marujada, moçambique, bandeiras, folclore, artesanato, comidas típicas. Momentos intensos de encontros, sorrisos, música, saudade, emoção e prece. Muita reza e devoção, no império, nos sub-impérios, na alvorada e na novena. E encontro fraterno de confraternização na grande quermesse!

 

Cada edição da festa significa benção de Deus para o município de Mogi das Cruzes e os outros nove que compõem a diocese. O pedido, nas alvoradas, para que o Espírito Santo derrame seus sete dons comporta ao mesmo tempo a renovação do compromisso pessoal e comunitário de cada cristão de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo em todos os tempos, lugares e para todos indistintamente.

 

Divino Espírito Santo, guiai nosso caminho na fé e na unidade! Esse foi o lema da festa de 2017. O cartaz traz o desenho da pomba que representa o Espírito Santo pousando sobre a cabeça da imagem de Nossa Sra. Aparecida, recordando o Ano Mariano dos trezentos anos do encontro da imagem milagrosa, nas águas do Rio Paraíba.

 

Pela intercessão de Maria, possa o fogo de Pentecostes aquecer e iluminar nossos corações. E chegue, da parte da Igreja diocesana, o profundo agradecimento aos festeiros, capitães de mastro, associação pró-festa, rezadeiras e rezadores, violeiros e tocadores, músicos e cantores, coordenadores dos diversos serviços, padres, diáconos e seminaristas, freiras e freis, crianças e jovens, adultos e idosos, autoridades, profissionais dos meios de comunicação e milhares de voluntários, incluindo as abelhinhas que preparam os doces caseiros e o grupo do café das alvoradas. Deus permitiu mais uma vez vivermos o sonho de Jesus para seus discípulos e sua Igreja: “Que todos sejam um!” e que haja “um só coração e uma só alma”! (At 4,32). Festa da família, festa dos cristãos, História de Mogi! Há quatrocentos anos!

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 04 de junho de 2017

Solenidade de Pentecostes