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Palavra do Bispo | CNBB

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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou, em Aparecida-SP, a 55ª Assembleia Geral anual, com cerca de trezentos participantes, entre cardeais, arcebispos, bispos, padres, religiosas e assessores. Contou com a participação do núncio apostólico, Dom Giovanni D’Aniello, representante da Santa Sé. Cresce o número de bispos no Brasil. Os eméritos, isto é, os que têm mais de 75 anos, já são cerca de 180. Doze faleceram desde a assembleia do ano passado. Vinte e quatro novos bispos foram acolhidos e apresentados nessa Assembleia.

 

O objetivo principal da Assembleia é proporcionar aos bispos o exercício da colegialidade, unidade, comunhão eclesial, amizade e vida fraterna. São dias de espiritualidade e oração, a começar pela missa, de manhã, no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, o ofício das horas, durante o dia, e o retiro espiritual do fim de semana.

 

A CNBB é uma instância de colaboração, serviço e assessoria aos bispos no exercício do ministério à frente das duzentas e setenta e cinco dioceses no Brasil. A entidade oferece diretrizes e orientações comuns, fortalecendo a missão evangelizadora da Igreja católica, realizada a partir das dioceses, denominadas igrejas particulares. A Assembleia é, para cada bispo, tempo privilegiado de aprofundamento teológico, eclesiológico e pastoral. Diversos são os temas aprofundados e documentos elaborados, a partir da palavra dos peritos e da contribuição dos participantes.

 

A dimensão ecumênica se faz presente, na Assembleia, seja pela reflexão do tema, seja pela celebração feita com a participação de pastores e pastoras de Igrejas ligadas ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). Nesse ano, celebram-se os quinhentos anos da Reforma protestante de Lutero.

 

O horizonte da reflexão se alarga com a abordagem de temas relativos à realidade sócio-política do País. Tal análise de conjuntura social, dessa vez, abordou o tema da educação, constatando que nas últimas décadas houve significativa melhora no que se refere ao acesso a vagas nas escolas. Contudo, a permanência dos que ingressam deixa a desejar devido à evasão escolar. Pior ainda quando se fala da baixa qualidade do ensino, que resulta numa porcentagem grande de analfabetos funcionais. O distanciamento havido entre a escola e a família também contribui para a degradação do ambiente escolar. A Igreja Católica reconhece que sua presença e colaboração precisam ser mais incisivas.

 

Por ocasião do dia 1º de maio, os bispos enviaram uma mensagem de esperança aos trabalhadores do Brasil. Essa nota manifesta também a preocupação de que as reformas em curso venham precarizar as condições de vida dos mais pobres, acarretando perda de direitos conquistados historicamente pelos trabalhadores ao preço de esforços, sacrifícios e lutas. A lógica perversa do mercado, ao privilegiar o lucro em detrimento do trabalho e da pessoa humana, suplanta os parâmetros da justiça social.

 

O momento nacional apresenta graves desafios, haja vista os milhões de desempregados. Conquanto deva ser iluminado pela esperança, requer cidadania e participação. A Igreja não deixa de oferecer sua colaboração a partir dos valores morais que a sustentam e da mensagem do evangelho que anuncia.

 

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Aparecida, 4 de maio de 2017.