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Palavra do Bispo | Vocação: chamado, resposta, missão

Vocação: chamado, resposta, missão

Vocação comporta chamado, resposta e missão. Chamado de Deus, resposta livre do ser humano, missão concretizada e testemunhada por meio de obras. Foi assim com Moisés, foi assim com Jesus, é assim com cada cristão. O Antigo Testamento prenuncia Jesus Cristo, Jesus Cristo prenuncia e funda a Igreja, a Igreja congrega os batizados. A vocação de cada cristão se insere nesse desígnio amoroso, benevolente e salvífico da parte de Deus.

 

 

1.       ANTIGO TESTAMENTO – ISRAEL

 

No Antigo Testamento, inúmeros textos fazem referência à vocação do povo de Israel e dos mensageiros que Deus escolhe para guiar seu povo. São os relatos de vocação, como no livro do Êxodo: “o Senhor falou a Moisés” (Ex 32,7), como falara a Abraão e aos patriarcas no livro do Gênesis.  O chamado vem acompanhado de promessa: “De ti farei uma grande nação... Eu darei a terra aos vossos descendentes como herança para sempre” (Ex 32,13).

 

Vocação das pessoas, vocação do povo! No livro do Deuteronômio não é diferente, quando se lê: “o Senhor teu Deus te escolheu dentre todos os povos da terra, porque o Senhor vos amou; Ele é um Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações” (cf. Dt 7,6-9).

 

Percorrendo as páginas do Antigo Testamento, tais histórias de vocação perpassam os profetas, os sábios e chega até João Batista: “João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz” (Jo 5,35).

 

Contudo, o testemunho de Cristo é maior que o de João. Maior, diz Ele, por causa das “obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou” (Jo 5,36). As obras falam por si. Quem, como Jesus, age segundo Deus, fala de Deus pelas obras.

 

 

2.       NOVO TESTAMENTO – A IGREJA

 

Ao mesmo tempo em que realizava a obra do Pai, pelo anúncio e pelos sinais, Cristo chamava os doze apóstolos e inúmeros discípulos. E os enviava com a missão de anunciar o evangelho do Reino de Deus. Na Igreja que nascerá no dia de Pentecostes, eles se tornam ministros da Palavra, anunciadores do Evangelho, missionários do amor, da verdade e da paz. 

 

O discípulo segue as pegadas do mestre que disse: “Vós sois a luz do mundo... Brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,14.16). As obras do discípulo fazem resplandecer a glória de Deus, que se revela no bem, na felicidade e na vida dos filhos de Deus. As boas obras refletem o amor infinito de Deus. São as obras de misericórdia.

 

 

3.       DEUS DE PERDÃO – MINISTROS DO PERDÃO E MISSIONÁRIOS DA MISERICÓRDIA

 

O ano da misericórdia ressalta que o Deus de nossos pais, o Deus de Israel, de Jesus Cristo e dos cristãos, é um Deus que perdoa ao povo o pecado. Liberta, redime, salva. Deus atende ao pedido de Moisés quando suplica: “perdoa, Senhor, a iniqüidade do teu povo” (Ex 32,12). Os salmos repetem: “misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, compaixão. O Senhor é muito bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura” (Sl 144/145).

 

Misericórdia e compaixão, atributos do coração de Deus, são também marcas dos discípulos missionários de Jesus Cristo. Especialmente daqueles que foram ungidos pelo Espírito Santo, os ministros ordenados da Igreja, que são os ministros do perdão.

 

Nas palavras do Papa Francisco, “serão um sinal da solicitude materna da Igreja pelo povo de Deus... Serão sinal vivo de como o Pai acolhe a todos aqueles que andam a procura do seu perdão. Serão missionários da misericórdia... sabendo que podem fixar o olhar em Jesus, ‘sumo sacerdote misericordioso e fiel’ (Hb 2,17)” (Misericordiae Vultus, 18).

 

Cristo ao afirmar: “não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). Assim, ele persuade a que ninguém se desvie e que a herança será vida eterna (Jo 5,39.40).

 

Os gestos de Jesus falam por si; o Pai é quem dá testemunho. Com cada cristão deveria ser assim. Pelo que se consegue com o passar dos anos, graças sejam dadas; considerando as nossas omissões e falhas, que o Senhor sempre nos conceda o perdão e mais uma chance.

 

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 10 de março de 2016

15º aniversário de ordenação episcopal