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Palavra do Bispo | Homilia - 04/08/2022

Homilia - 04/08/2022

Memória de São João Maria Vianey

Romaria do clero da Diocese de Mogi das Cruzes – 04 de agosto de 2022

 

Tu és Pedro!

 

Como todos os anos, na festa de São João Maria Vianney, o Cura D’Ars, celebrada no dia 4 de agosto, o clero da Diocese de Mogi das Cruzes é acolhido, nesta Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a casa da Mãe. Mais uma vez, os diáconos, os padres, o bispo diocesano e fiéis da nossa Diocese, em romaria, acorrem a este santuário, com o coração cheio de confiança e alegria, para dar graças a Deus, pela intercessão da Mãe Aparecida que a todos envolve com seu olhar materno e com seu manto de ternura e de bondade.

 

A Diocese de Mogi das Cruzes recorda o segundo mês de falecimento do nosso bispo emérito, Dom Paulo Mascarenhas Roxo, ocorrido no último dia 1º de junho. Lembramos também os 47 anos da morte do primeiro bispo, Dom Paulo Rolim Loureiro, em 2 de agosto de 1975. E, mais uma vez, pedimos a intercessão de Maria em favor da Diocese de Mogi das Cruzes que, neste ano, está celebrando 60 anos da sua criação e instalação.

 

Esta romaria anual do clero de Mogi das Cruzes representa um forte momento de espiritualidade e renovação do ministério sacerdotal. Dia 4 de agosto é o “dia do padre”, pois São João Maria Vianney, o Cura D’Ars (França, 1786-1859) é considerado patrono dos padres diocesanos e grande modelo para todos os cristãos. Suas virtudes – simplicidade, santidade de vida, solicitude pastoral, zelo espiritual – fizeram dele um exemplo para os sacerdotes em todos os tempos. Na pequenina cidade de Arns, as pessoas acorriam diariamente a ele pois queriam ouvir suas catequeses e receber o perdão de Deus pelo sacramento da confissão. Amava tanto sua vocação que dizia: “o sacerdote é o amor do coração de Jesus”.

 

Meditemos a palavra de Deus! Na 1ª leitura (Jr 31,31-34), Jeremias ecoa a voz de Deus anunciando que fará “uma nova aliança” com seu povo – uma aliança superior à antiga selada através de Moisés, no Monte Sinai. Aquela estava escrita na pedra; esta será diferente, como diz o próprio Deus: “imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo” (v. 33). Sim, trata-se de uma aliança que, emanada das entranhas de compaixão de nosso Deus e do seu misericordioso coração, chega às entranhas e ao coração do povo, a fim de que todo coração de pedra se transforme em coração de carne (cf. Ezequiel). Uma e outra preparam a aliança definitiva, selada pelo sangue de Cristo, na cruz. E por sua ressurreição.

 

O Evangelho (Mt 16,13-23), mais uma vez, apresenta a confissão de fé do apóstolo Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (v. 16), ao que Jesus responde a Pedro com uma bem-aventurança: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas!”. E em seguida confia-lhe uma missão, que será fundamental: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (v. 17). Assim, Pedro assume a missão de ser o elo de unidade e comunhão na Igreja, conforme o que será confirmado depois da ressurreição, quando lhe é confiada a missão de ser o representante de Cristo-Pastor: “Pedro, tu me amas? ... Apascenta minhas ovelhas” (Jo 21).

 

A passagem que foi proclamada, contendo a confissão de fé do apóstolo Pedro e o diálogo com Jesus, exprime o conteúdo central da nossa fé cristã: a fé em Cristo e a fé na Igreja, conforme professamos: “creio em Jesus Cristo, seu único Filho e Nosso Senhor” e “creio na Igreja, una, santa e católica”.

 

Destaco as expressões: “construirei minha Igreja” e “te darei as chaves do Reino”! Igreja e Reino! Equivale a dizer: eu te confiarei a Igreja, pois a Igreja é a chave do Reino. A expressão “Reino de Deus” se repete dezenas de vezes nos evangelhos, enquanto que a palavra “Igreja” aparece somente três vezes: aqui e em Mt 18 quando Jesus orienta sobre a correção fraterna, na Igreja. Contudo, são mensagens que se completam: o Reino é o próprio Jesus, a realidade maior, e a Igreja é o instrumento para o anúncio e a edificação do Reino, como rezamos no Pai Nosso: “venha o teu Reino” – Reino “eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”. Ao edificar o reino, a Igreja se edifica e “o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (v. 18).

 

Eis a missão da Igreja, tendo Pedro à frente: “tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. Cristo, sumo sacerdote, é a cabeça da Igreja. Cristo nos liga a Deus e Pedro o faz como seu representante junto aos apóstolos. O Papa é o sucessor de Pedro. Os bispos são sucessores dos apóstolos e tem como colaboradores diretos os presbíteros e os diáconos, que são os ministros ordenados. 

 

Portanto, a grande e sublime missão do sacerdote, ele a realiza em profunda comunhão com Cristo e com a Igreja. São João Paulo II disse que “o presbítero, em virtude da consagração que recebe pelo sacramento da Ordem, é enviado pelo Pai, através de Jesus Cristo, ... para viver e atuar, na força do Espírito Santo, ao serviço da Igreja e para a salvação do mundo” (PDV 12).

 

Irmãos e irmãs aqui presentes e todos os que acompanham pelos meios de comunicação! Rezemos pelos nossos padres! Agradeçamos a Deus por todo bem que eles realizam. Os padres experimentam a verdadeira alegria da doação, mas também os desafios e sofrimentos que fazem parte da vida humana e da missão que abraçamos. Rezemos pelos padres idosos, os doentes, os que padecem de angústias e incertezas e os falecidos. Uma prece especial pelos que partiram em missão em lugares distantes do Brasil e do mundo, enfrentando pobreza e perseguições.

 

Cada um pense no seu padre. Eu me dirijo aos da Diocese de Mogi das Cruzes para falar-lhes do meu afeto, estima e gratidão. Saúdo os que estão aqui, os que não puderam vir e os que estão em missão Ad Gentes (o último que partiu em missão foi o Pe. Felipe Vichi – segunda-feira, para a Diocese de Cruz das Almas – BA).

 

Que, pela intercessão de Maria, mãe dos sacerdotes, o Bom Pastor envie operários para a messe, pois onde há sacerdotes há eucaristia e onde a eucaristia é celebrada está presente a Igreja. E, pela presença da Igreja, resplandeça no mundo a face gloriosa do Cristo ressuscitado. Amém.

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 04 de agosto de 2022