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Palavra do Bispo | Pentecostes 2020

Pentecostes 2020

Divino Espírito Santo, fortalecei-nos na caridade e conduzi-nos à santidade!

 

1. O Espírito Santo visita as casas e as Igrejas. Mais uma vez o Espírito Santo bateu às portas das nossas casas, do nosso coração e do coração da Igreja. Mais uma vez Ele respondeu à prece que diariamente clamava “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”. Sim, as chamas de fogo pousadas sobre as cabeças da Virgem Maria e dos apóstolos são as chamas do amor de Deus personificado na terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo.

 

Ele escuta a oração e vem ao encontro de quem se coloca na presença de Deus, em casa ou na igreja reunida. Ele ouve os gemidos de sofrimento, os cantos de alegria, o fervor da ação de graças.

 

Consolador divino, foi o consolo de tantos que, dadas as atuais circunstâncias, só puderam, de casa, pelos meios de comunicação, celebrar a solenidade de Pentecostes, isto é, a Festa do Divino de Mogi das Cruzes. Qual benfazejo e divino sopro, o Espírito irrompe-se com seu amor no interior das casas, como no dia de Pentecostes, em que do céu veio um barulho, como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde Maria e os apóstolos se encontravam. Fora assim na noite do primeiro dia da ressurreição, quando Cristo, ressuscitado pelo Espírito do Pai, se apresenta aos apóstolos reunidos em casa. Na anunciação, foi em casa que o anjo Gabriel anunciou a Maria e ela concebeu pelo Espírito Santo. Também foi em casa que, ao receber a visita e ouvir “a saudação de Maria, a criança estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo”.

 

2. O Espírito Santo está no centro do Mistério Pascal. Do início ao fim da vida de Jesus, o Espírito faz-se presente: no batismo pousou sobre Ele; ao iniciar seu ministério proferiu que “o Espírito do Senhor repousa sobre mim e me ungiu para evangelizar”; e finalmente na cruz entregou o espírito. Durante essa novena, ouviu-se diversas vezes, no evangelho de João, no discurso de despedida, Jesus prometer o Espírito Santo paráclito: consolador, advogado, o espírito da Verdade (Jo 14-16).

 

Após a morte, no terceiro dia, o Espírito do Pai ressuscitou o Filho Jesus. E assim, no domingo de Páscoa, ressuscitado, na noite do primeiro dia, sopra sobre os apóstolos dizendo: Recebei o Espírito Santo (Jo 20). Na ascensão, promete: eis que eu vos enviarei o que meu Pai prometeu (Lc 24,49) e também diz: o Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força. Sereis, então, minhas testemunhas” (At 1,8). Cumpre a promessa, de modo que, no dia de Pentecostes, todos ficaram cheios do Espírito Santo.

 

3. O Espírito Santo é fonte de Santidade. Ele é o Espírito Santificador. Por isso, a ORAÇÃO de hoje proclama que “pelo mistério da festa de hoje, santificais a Igreja inteira”. O lema da festa já o evoca: “Fortalecei-nos na caridade e conduzi-nos à santidade”. A prática da caridade conduz ao testemunho de santidade, fruto maior entre os dons do Espírito. É o dom por excelência: o dom dos dons. Por isso se pede na ORAÇÃO: Derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo”. É a santidade de Deus que se derrama do céu qual orvalho generoso que irriga e fecunda, produzindo salvação, visto que, com o Pentecostes, “produziu-se então uma troca salvífica: a humanidade de Cristo subiu da Terra para o Céu (na Ascensão); e hoje, o Espírito de Cristo desceu do Céu sobre nós. […] (Santo Aelredo de Rievaulx (1110-1167) - monge cisterciense - Sermão sobre as sete vozes do Espírito Santo no Pentecostes, Sermões inéditos.

 

4. Meditemos sobre as maravilhas do Espírito Santo. É Ele que conduz a Igreja e orienta a História da humanidade. O que o Espírito realizou naquele primeiro Pentecostes, a Igreja pede que continue realizando, por isso reza: realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que operastes no início da pregação apostólica”:

 

O Salmo responsorial canta a maravilha da Criação:  enviais vosso Espírito e tudo renasce e da terra toda a face renovais (Sl 103). O Evangelho narra a maravilha da Redenção, pois uma vez ressuscitado, Cristo transmite os dons mais preciosos (Jo 20,19-23): o dom da Paz (a paz esteja convosco); o dom da alegria (os discípulos se alegraram por verem o Senhor); o dom da missão (como o Pai me enviou, também eu vos envio); o dom maior (recebei o Espírito Santo) o dom do perdão e da redenção (a quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados).

 

A 1ª leitura narra a própria maravilha de Pentecostes. Os apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo e a eles logo juntou-se a multidão pois moravam em Jerusalém judeus devotos, de todas as nações do mundo. E diante da pregação dos apóstolos, todos ficaram cheios de espanto e admiração e diziam: ‘todos nós os escutamos anunciar as maravilhas de Deus na nossa própria língua!’ (At 2,1-11). É a maravilha da Igreja que nasce, reunindo em torno de si todas as raças e línguas, povos e nações, na comunicação plena da linguagem do amor.

 

Com o Pentecostes, nasce a Igreja, e é dessa maravilha que Paulo fala na 2ª leitura: a maravilha que é Igreja, na diversidade dos carismas (dons) e ministérios (os serviços). O apóstolo diz que há diversidade de dons mas um mesmo é o Espírito ..., que a cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum e que nós fomos batizados num único Espírito para formamos um único corpo (1 Cor 12), pois a Igreja é o corpo de Cristo. Ele é a cabeça e nós somos os membros.

 

5. Por fim, Pentecostes é uma celebração de esperança. E a esperança vem de Deus, nosso auxílio e proteção, nossa luz e salvação. De fato, ao iniciar cada coroa do Divino, os devotos rezam: “Deus, vinde em nosso auxílio. Senhor, apressai-vos em socorrer-nos”. Sim, Deus sustenta os devotos do Divino na prática da caridade, “pela esmola em vosso nome, dando água a quem tem sede, dando pão a quem tem fome”. Deus sustenta os devotos do Divino abençoando seu trabalho e esforço para “que a semente seja tanta, a mesa seja farta, a casa seja santa, o perdão seja sagrado, a fé seja infinita, o ser humano seja livre e a justiça sobreviva”. Deus sustenta os devotos do Divino na perseverança para que a bandeira siga “em frente atrás de melhores dias”.

 

Num cenário diferente, a festa de 2020 foi realizada com êxito. Sigamos confiantes rumo à do próximo ano. Segue o sentimento de gratidão aos que acompanharam e rezaram, estando em casa ou de outra forma. Gratidão aos padres, festeiros, capitães de mastro, associação pró-festa, rezadeiras e voluntários. Honra e glória à Santíssima Trindade, louvor à Virgem Maria, sob o título de Nossa Senhora da visitação (31 de maio) e, desde o recente apelo do Papa Francisco, como Nossa Senhora Mãe da Igreja (segunda-feira após Pentecostes). Gratidão à nossa padroeira Sant’Anna. Amém. Assim seja. Aleluia.

 

Divino Espírito Santo, fortalecei-nos na caridade e conduzi-nos à santidade!

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Mogi das Cruzes, 31 de maio de 2020